Está na hora de cortar custos?

Pergunte-se a qualquer gestor de empresa se tinha dúvidas que a taxa de inflação voltaria a subir após anos de estagnação inflacionária e todos dirão que sim. Pergunte-se aos mesmos gestores se consideravam que o aumento seria nos moldes que hoje vivemos e a maioria responderá que não.

É certo que os fatores que contribuem para os valores inflação elevados continuam presentes e sem sinais de desaparecerem tão cedo. Os constantes constrangimentos nas cadeias de abastecimento não têm um fim à vista e teremos uma vez mais de adaptar o nosso estilo de vida e a forma de fazermos negócio para garantir que nos mantemos “à tona”. Uma vez que não conseguimos controlar no imediato a política “Zero-Covid” da China que implica lockdowns parciais ou completos de cidades provocando paragens completas de produção, a crise de motoristas de pesados na Europa que reduz brutalmente o fluxo de abastecimento de matérias primas e produtos acabados e a profunda influência da guerra na Ucrânia no custo da energia. No que toca a este último fator, mesmo que a guerra termine na próxima meia-hora, as sanções manter-se-ão ainda por meses ou anos.

É, pois, perfeitamente natural que a questão do corte de custos seja encarada, seja no R&D, em RH, ou noutra qualquer rúbrica que possa no imediato ter o orçamento reduzido, ou completamente eliminado.

Mas ao invés de se considerar o caminho mais fácil – porque o é realmente – não se começa pela análise dos processos, a reorganização dos métodos e o desenvolvimento de competências ou oferta de serviços diferenciada? Evita-se assim o ambiente de desconfiança, medo, a previsível perda de talentos que tanto custaram a formar e, como consequência das anteriores, perdas de produtividade e de reconhecimento no mercado. Recordemos que as marcas se constroem suportadas na qualidade do serviço e que marcas reconhecidas serão sempre mais valorizadas e terão os aumentos de preços automaticamente “justificados”.

Analise, reorganize e adapte. A fórmula secreta para navegar na maré alta da inflação.

Rui Monteiro

Photo by Sara Kurfeß on Unsplash